Com a chegada de Manuel Fraga ao Ministério da Informação e Turismo em 1962, o regime franquista quis aparentar uma suposta abertura, oposta à escuridão dos anos precedentes. Os livros de Ruedo Ibérico, que por aparecerem em França escapavam à censura, denunciavam a contínua manipulação a que se encontravam submetidas a realidade do dia a dia e a do passado e, por isso mesmo, colocavam sob suspeita a imagem falaciosa. Em consequência, o Governo aumentou o assédio policial e judicial para impedir a entrada e a difusão dos livros de Ruedo Ibérico numa tentativa de afogar economicamente a editora. Por outro lado, procurou também extinguir a fonte interna de manuscritos amedrontando os possíveis colaboradores. A perseguição pessoal fez uma vítima em 1971, com a detenção e posterior condenação de Luciano Rincón por um delito de injúrias contra o Chefe do Estado, proferidas sob o pseudónimo de Luis Ramírez. Fraga usou também uma ferramenta beligerante mais dissimulada e aparentemente mais comedida. O Ministério promulgou um Boletim de Orientação Bibliográfica que fazia uma resenha periódica das obras publicadas por Ruedo Ibérico e por outras editoras de um modo crítico, mas com uma exibição de raciocínios retorcidos que procuravam o descrédito das obras sem ter que responder aos problemas nelas colocados. O Boletim serviu de fiel medida da irritação que cada obra provocava nas esferas governamentais.
A dialéctica do homem da pena cedeu, ao melhor estilo joseantoniano, às pistolas. Na noite de 13 para 14 de Outubro de 1975, a livraria da Rue de Latran sofreu um atentado: a explosão de uma bomba reivindicada pelo Antiterrorismo ETA, um grupo de ultra direita que, durante os estertores do regime, reclamava uma capacidade de acção quando outros sectores procuravam, dentro da reconciliação nacional, acordos onde encontrar um futuro conveniente, saída que José Martínez e Ruedo Ibérico sempre tinham combatido.
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