A 14 de Maio de 1977, Ramón Viladás vai buscar José Martínez ao aeroporto del Prat em Barcelona. Chega com um passaporte e uma editora nova, a Sociedad Ibérica de Ediciones y Publicaciones. José Martínez deixa então de ser um exilado e perde o seu principal inimigo, o regime de Franco. A relação dialéctica que forjou grande parte do catálogo de Ruedo Ibérico passa a ser substituída por uma visão crítica do modo como se estava a desenvolver a transição democrática. Nem o mercado — com os livros políticos em inevitável retirada —, nem a situação económica da empresa, nem a tendência da transição permitirão que sobreviva o principal projecto editorial de oposição anti franquista, salvo numa dissidência marginal. Quando Ruedo Ibérico e a sua filial foram apresentadas em Espanha, a 20 de Abril de 1978 na galeria Maeght de Barcelona, com a assistência de um dos grandes patronos da editora – o presidente da Generalitat Josep Tarradellas –, o projecto estava a ponto de desaparecer. Os Cuadernos de Ruedo Ibérico durariam apenas mais um ano e a edição de livros apenas quatro.
A 22 de Outubro de 1982, Marianne Brüll escreve de Paris anunciando a impossibilidade de fazer frente aos credores. Ironicamente, seis dias mais tarde chegava ao poder o primeiro Governo democrático do PSOE e, com ele, alguns dos colaboradores da primeira década de Ruedo Ibérico. Paradoxalmente, o que a censura não tinha conseguido — acabar com Ruedo Ibérico — foi conseguido pela normalidade democrática. Apesar de estar orientada para o interior, a tragédia de Ruedo Ibérico é que nunca pôde deixar de ser uma editora do exílio.
Com sessenta anos, José Martínez teve de construir uma vida nova. Fernando Chueca Goitia arranjou-lhe um emprego no Instituto de Espanha e a 11 de Março de 1986 morreu acidentalmente. O seu volumoso arquivo pessoal e o de Ruedo Ibérico encontram-se depositados no Internationaal Instituut voor Sociale Geschiedenis de Amesterdão, custódio de importantes acervos relativos à história social. O arquivo encontra-se inventariado e aberto à consulta dos investigadores, como se pode ver na página web www.iisg.nl/ archives/html/r/10760597.html.
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