Ruedo Ibérico é uma editora fundada em França para ser uma ferramenta política e para lutar intelectualmente contra o regime franquista, mediante a introdução em Espanha de uma informação rigorosa que pusesse em evidência os subterfúgios e as manipulações do mesmo regime, ao mesmo tempo que permitia recuperar a memória histórica. A sua orientação, tal como tinham antes tentado as revistas Las Españas no México ou Ibérica em Nova Iorque, não foi partidarista. Assim o indica a distinta sensibilidade política dos cinco fundadores que assinaram a acta constitutiva das Éditions Ruedo Ibérico em Setembro de 1961 em Paris: Nicolás Sánchez-Albornoz era activista de esquerda, Ramón Viladás estava vinculado ao nacionalismo catalão, Vicente Girbau militava na Agrupación Socialista Universitaria (ASU), Elena Romo era comunista e José Martínez Guerricabeitia provinha do anarquismo.
Forjados na luta anti franquista e membros de uma segunda geração de refugiados, unia-os o facto de terem sido perseguidos e encarcerados pelo regime e de terem tido que se exilar. Coincidiram todos em Paris e criaram amizades durante o seminário sobre História de Espanha que Pierre Vilar dirigia na École des Hautes Études. O único editor profissional era José Martínez, que trabalhava para a editora científica Hermann. De família anarquista, membro das colunas de alfabetização das Juventudes Libertarias durante a guerra, posteriormente alvo de represálias e, depois de ir para França em 1948, torna-se operário da metalurgia, descarregador de camiões em Les Halles, mas também estudante na Sorbonne, José Martínez foi, pelo seu carácter, formação e ambição profissional, quem iria levar para a frente a editora e quem iria fazer da Ruedo Ibérico uma pele que nunca o abandonaria.
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